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Sunday, November 22, 2015

1914-1918 A TEMPORADA ITALIANA DOS BALÉS RUSSOS. HISTÓRIA DOS BALÉS RUSSOS [BALLETS RUSSES], DA CIA. TEATRAL SERGEI PAVLOVICH DIAGHILEV (Paris, 1909-1929).

1914-1918 A TEMPORADA ITALIANA DOS BALÉS RUSSOS. HISTÓRIA DOS BALÉS RUSSOS [BALLETS RUSSES], DA CIA. TEATRAL SERGEI PAVLOVICH DIAGHILEV (Paris, 1909-1929). No início da I Guerra Mundial,Diaghilev e pequeno grupo de fiéis associados, refugiaram-se em Lausanne (Suíça, 1914). Um dos diletos amigos de Diaghilev, o artista das vanguardas Mikhail Fiodorovich Larionov (1881-1964), oficial do exército russo, voltou a seu país depois de expor suas obras com Nataliya Gontcharova na Galeria Paul Guillaume (Paris, 1914). A apresentação no catálogo da exposição da dupla de vanguardistas russos, foi de Guillaume Apollinaire. No alvorecer da I GM, Larionov e Gontcharova haviam acompanhado a Cia. Teatral S. P. Diaghilev a Paris. Gontcharova permaneceu com a trupe, quando eles se transferiram para o território neutro da Suíça (Lausanne, 1914). Larionov voltou à Rússia, e foi enviado para o front de batalha: gravemente ferido, passou meses em hospital russo, quando foi visitado por Osip Brik, visita que se encontra documentada na fotografia publicada (Krens, 1992). Dispensado do exército Larionov reuniu-se na Suíça aos remanescentes dos Balés Russos; e acompanhou a trupe nas excursões à Espanha e Itália (Hulten, 1983: 499). Em Roma (janeiro, 1917), Larionov conheceu os restantes Futuristas italianos, pois havia conhecido F. T. Marinetti (1876-1944) por ocasião da visita do escritor a Moscou e São Petersburgo, encontro que igualmente se encontra documentado na fotografia publicada (Hulten, 1983: 498). Marinetti conheceu Enrico Prampolini (1894-1956), entre outros artistas das vanguardas italianas. Foi na época que os Ballets Russos encenaram a música de Stravinsky com cenografia Futurista de Giacomo Balla (1871-1958). O artista plástico italiano vinha desenvolvendo com Fortunato Depero (1892-1960), idéias de Marinetti e Umberto Boccioni (1882-1916). A obra de arte como presença e ação em objetos escultóricos incluía novos materiais como fios coloridos, fios elétricos, papeis coloridos, vidros coloridos, celulóide, tecidos, espelhos, materiais transparentes de todos os tipos e cores, água, líquidos luminosos, vidros transparentes, entre outros elementos associados a motores elétricos e artefatos mecânicos voltados para a produção de movimentos. Na época, Depero e Balla estavam desenvolvendo proposta de Brinquedo Futurista com motor - barulho - concerto - plástico – espacial, e,além disso, os Futuristas propunham roupas transformáveis, edifícios transformáveis na mais completa transformação barulhenta do universo, proposta através de vários Manifestos Futuristas que culminaram com o da Reconstrução Futurista do Universo (Hulten, 1983: 425). Balla criou o Manifesto dos Pintores Futuristas e Agitadores Educados, assinado por Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Gino Severini e Luigi Russolo e divulgado (11 de abril, 1910). Depero escreveu o manifesto da Reconstrução Futurista do Universo [Riconstruzioni Futurista dell’Universo], posteriormente reformulado e assinado juntamente com Giacomo Balla (11 de março, 1913). Durante o período da Primeira Guerra Mundial e devido a indicação de F. T. Marinetti, Balla foi convidado por Sergei Diaghilev para se tornar cenógrafo do balé mecânico Fogos de Artifício [L’Ucello di Fuoco]. A encenação foi apresentada com a música homônima de Igor Stravinsky (duração 4´), no Teatro Costanzi (Roma, 17 de abril, 1917). Para os desenhos do dito, Primeiro cenário plástico do Futurista Balla [Primo Scenario Plastico dal Futurista Balla], conforme se encontra escrito no cartaz do espetáculo, reproduzido (Atti & Ferretti, 1990). Balla estudou os efeitos das vibrações luminosas azuis, violetas, vermelho verde - as cores próprias de seu edifício de madeira e tecido - assimétricos e rítmicos como as notas da música de Stravinsky. Para a composição Abstrata que deveria ser apresentada durante menos de cinco minutos Balla criou sobre a estrutura cenográfica movimentos de luz e sombra variados - formas fugazes, sobre uma forma estática - que deveriam suscitar no espectador a mesma reação estupefaciente e maravilhada da explosão animada de fogos de artifício. Um jogo de grande efeito do qual, pela primeira vez, a cenografia foi o espetáculo, onde a centralização da idéia teatral esteve concentrada no único movimento da breve explosão luminosa, de efeito agudo e estridente, que sublinhou e traduziu sons musicais, na eufórica aparição da força primordial do fogo - através da formalização teatral e da transfiguração do real ao abstrato. Na ocasião, a obra estreou sem bailarinos, com a música ilustrada somente com efeitos de iluminação além de outros produzidos por várias máquinas mecânicas, criações fantásticas de Balla (Atti & Ferretti, 1990). Os desenhos e estudos do Futurista italiano para a cenografia dessa obra (1915-1917), se encontram no acervo da Galeria de L'Obelisco (Roma). Balla colocou seu talento a serviço de outras encenações da Cia Teatral S. P. Diaghilev como para O Jardim Zoológico [Il Giardino Zoologico], balé que ofereceu para Diaghilev, mas que nunca foi encenado. E para O Canto do Rouxinol [Il canto dell'usignolo], com música de Stravinsky, cenários de Fortunato Depero e desenho de figurinos dele, Balla. Os desenhos de figurinos de Balla para esse balé se encontram reproduzidos (Atti & Ferretti, 1990). No entanto, a re-encenação deste balé foi realizada pelos Balés Russos com criações de figurinos de Léon Bakst e cenários do artista espanhol Pedro Pruna (Paris, 1916). No mesmo ano ocorreram as duas temporadas americanas dos Balés Russos; parte da companhia viajou com Nijinsky para a temporada na América do Sul, voltando a Europa depois (novembro, 1916). E a outra parte da companhia, que, no primeiro semestre voltou a Europa acompanhando Diaghilev, no segundo semestre voltou a se apresentar nos Estados Unidos (setembro de 1916 - 24 de fevereiro, 1917). Para a dita, Temporada Italiana, Diaghilev preparou com os poucos integrantes que tinha na Europa o balé As Meninas, com cenário do pouco conhecido artista italiano Carlo Socrate (1889-1967), com figurinos, finalmente, de Mísia Sert (Maria Zofia Olga Zenadja Godbeska Sert, 1872-1950). Diaghilev preparou, com coreografia de Léonid Massine, libreto de Goldoni, música de Domenico Scarlatti orquestrada por Tommasini o balé Mulheres de bom humor [Donne de Buon Umore], que estreou com cenários e figurinos de Léon Bakst no Teatro Costanzi (Roma, 12 abril, 1917). Na mesma data e local estreou o balé A Boutique Fantástica [La Boutique Fantasque], com música de Ottorino Respighi (1879-1936), adaptada de tema de Rossini (Giacomo Rossini, 1xxx-1xxx), coreografia de Léonid Massine (Leonid Miasjin, 1894-1979) e cenários e figurinos de André Derain (1880-1954). A adaptação do balé Kikimora (Liadov), apresentado anteriormente pelos Balés Russos (1912), agora renomeado de Contos Russos, recebeu os cenários e figurinos de Mikhail Larionov, sendo a primeira apresentação no Teatro San Carlo (Nápoles, 1917). Em seguida todos os balés citados estrearam na temporada parisiense (11 de maio, 1917). Nessa mesma temporada parisiense estreou Parada [Parade], com libreto de Jean Cocteau, cenários e figurinos de Pablo Picasso e música de Erik Satie (Paris, 18 de maio, 1917; v. nas postagens a biografia de Pablo Picasso). Picasso viajou para Roma, onde foram preparados os balés espanhóis da próxima temporada: O Tricórnio (Madri - Londres - Paris, 1918). REFERÊNCIAS SELECIONADAS: ATTI, F. C. degli; FERRETTI, D. (Org.). Rusia, 1900-1930, L'Arte della Scenna. Milano: Galeria Electa. Moscou: Museu Bachrusín, 1990, pp. 54-55. BRITT, D.; MACKINTOSH, A.; NASH, J. M.; ADES, D.; EVERITT, A; WILSON, S.; LIVINSGSTONE, M. Modern Art: from impressionism to post-modernism. London: Thames and Hudson, 1989, pp. 181-183. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 424-425, 498-499. CATALOGUE RAISONNÉ, CACHIN, F.; MINERVINO, F. Tout l'oeuvre peint de Picasso, 1907-1916. Introduction par Françoise Cachin; documentition par Fiorella, Minervino. Paris: Flammarion, 1977. 135p.: il. algumas color. - notas gerais – inclui índices; cronologia, pp. 85, 127.

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